quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Contagem depressiva.


Caminho entre flores e espinhos, esquinas e bares, batons e saias – saia do meu pensamento flor cor de amarelo mostarda, um verde de caule forte e esguio. Me deixe pensar na chuva, nesse sol que invade as frestas das janelas com um raio luminoso despertando o meu bom dia. De olhos ainda fechados respiro. Com a calma de um leão faminto caminho entre ponteiros e prazos com a inquietude e a mansidão trazidos por seus olhos, já não mais seus, que brilham como aquele mesmo sol que me levanta todas as manhãs. Maçã mordida e um café amargo que arrastam os meus passos lentos e largos pelos quilômetros esquecidos. Metade. No lençol amassado sem perfume, metade da cama te espera. Traz morena, atrás dos seus cabelos essa cor de pele, essa tinta quente e colore as noites cinzas sem o teu abraço. Vem com a tua língua adestrada, incitando cada canto do meu corpo: pulsante, fervente. Muito quente. Traz esse sol nu, raios de suor - entrelaçado nas tuas coxas - derretendo teus sentidos que se movem em uma marcha. É a síntese, uma manobra insuficiente e outra mais além do que os nervos possam esperar. O ritmo, desvinculado da pluralidade, se une e já é um só. É a insistência e a devoção. Devota eu sim, transcendendo os limites da repetição, os braços desistentes só querem mais é: te ver render, sucumbir, se desfazer, na minha boca minha mão entre os dedos língua coxa e logo lá (...) no meu coração: houve o descompasso. Perco o ar, mas não é hora, contorna. Logo aí, como recompensa do destino, o nervo enrijece, é a melhor parte do fim. Vem pelo temor, sem saber se já é hora. E é. Explode, sutura, emerge, me afoga sem asfixia. Se rende… e me deixa tomar o que é teu. Me inunda. E enfim, os braços repousam quase mortos, adormecem e despertam logo após. Muito mais do que um dia foi um “nós duas”.

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quarta-feira, 27 de julho de 2011

De repente (...)

Cafeína e Tabaco - na tentativa de manter a calma e o controle.
Respira, conta até 7, dizem que dá sorte.
Os passos vão ganhando os cômodos com borboletas sobrevoando os poucos cachos que restaram.
O barco no meio do nada indo pra lugar nenhum. Iluminado pelo Sol, vezenquando Lua.
De repente o banho de mar não é suficiente. É preciso mais, mais que maresia, mais que sal e água, mais que pé quente. É necessário o cheiro do mel, descobrir o gosto do doce, o ácido do limão.
A certeza dos nervos de aço, a alma de chumbo se perde em segredos. De repenteo riso da Monalisa torna-se insignificante.
De repente as folhas do calendário na velocida "minhoca" ganha toda a importancia antes desconsiderada. De repente se aprende que o mes pode ter 30 dias e que o ano tera sempre 365. De repente se descobre que quando se dorme o tempo passa mais rápido e só por esse motivo a insonia se torna sua amiga-de-infância.
O sangue agora corre fervendo, com fome de vida, sede de gente. Retinas atentas, ariscas procurando por palavras näo-ditas nas curvas de boca. E de repente o silêncio é o que fala pelos olhos.
Não há promessas, näo há contratos, näo há futuro, nem amanhä. E de repente o sabor do beijo responde. De repente o formato de nuca paralisa o corpo. De repente a textura da pele impede as mãos de alcançar.
De repente se percebe que é possivel chegar meia-noite em Paris e que as gatas-extraordinarias não necessariamente estarão nos meios onde ela flui e se estiverem podem ser Extra-ORDINÁRIAS.
... As tintas das pintas se misturam no preto e o tempo pára. Os devaneios da vida procuram sentidos. E é aqui que se sente, no agora. No "só um pouquinho" que resta. Sente, sente tudo. Sente devagar, sem pressa.
O tudo e o nada - tão de repente.
De repente: O vinho. A pele. O cheiro. O gosto.

sábado, 7 de maio de 2011

O Mantra



- Mãeee, Maezinha, MANHÊÊÊÊ...

Um eco. Uma súplica de socorro. O desespero.
Na espera daqueles braços enormes que erguem a gente no colo e cala o nosso choro.
O mantra que sai de nossos lábios sem pedir licença, só para saber se elas continuam ali – Bem do nosso lado.
A leitura do nosso silêncio. Dos nossos olhos implorando um abraço.
A dor. O parto. E sai do ventre um ser. Uma vida. Um pedaço de amor.
A continuidade da existência. Dos valores. Das referências.
E cresce – como as flores, como as árvores (...) Do alimento, do sangue, do leite.
E o ar que antes era suficiente, hoje sufoca, enforca. E elas, como soubessem imitar os heróis dos desenhos em quadrinhos – ensinam a respirar pela boca.
Ensinam a não precisar das mãos para apoiar nas paredes. Ensinam que o primeiro passo é com o pé direito. Que a primeira palavra é “Amor”. . E que não se tira a coluna para aliviar a dor nas costas.
Ensinam que o sofrimento é menor quando dividido e acolhem como quando perdíamos a mamadeira.
E dizem:
Tenha fome de gente. Sede de vida.
E os caminhos vão ganhando nossos pés. Nossos pés pisam gentilmente nas expectativas, nos únicos e exclusivos “sonhos” sonhados por elas - para nós.
Nossos pés não mais atados, parecem mirar (...) E acertam. Como um tiro na garganta.
E elas, sábias, nos ensinam – Que sonhos são recicláveis, inesperados. E afirmam: A única constância na vida é a mudança.
E sorriem. Sem dor. Apenas o sorriso do coração – missão cumprida.
A herança é simples. É sólida. É concreta.
Amor que invade a alma e transborda em calma.
O desespero-agradável de sermos filhos de mães incondicionais.

O tiro.

Como um tiro que não saiu pela culatra.
Um pedaço de qualquer coisa menor que um dedo que só teve a intenção de entrar, latejar, e de noite e no frio, lateja e grita, só pra lembrar que tá lá, vivo.
Enquanto a carne que sente e a alma que pinga desespera à vontade de expurgar esse pedaço tosco de algo inventado por um outrem infeliz que talvez sentisse a dor desde o momento, esquecido, antes do tiro, antes do ponto.

Ana C.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Em branco


A contextualidade do espaço em branco. Limpo. Claro. Puro.

Insônia e papel, diretamente ou inversamente, sempre proporcional.

Vamos lá. Preciso tentar uma ordem, um silêncio, uma palavra. E, não me atrevo! Atadas-as-mãos-atadas. Quase uma psicografia se não fosse a histeria. Posso olhar além, mas as paisagens não são fixas. Entorta, distorce, confunde. Miopia. Ou quem sabe um quebra-cabeça e me deixa em coma. Um nó. Uma trança traçada sinuosamente.

E caminho...

Como uma orgia, um vício, uma tara, como um inconfessável ritual sadomasoquista. Entregue a musicalidade amarga, ao café forte, ao tabaco lento.

Um espaço em branco. Um escuro de Mim.

Por exclusão, por intuição, por ilusão, por invenção, ou seja lá o que for.

Nada sei.

Estou me afastando, indo embora, crucificando o branco, o buraco, o espaço, lentamente, dia-após-dia, indo embora de mim.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Insonia.

Por favor, um copo cheio dessa coisa trasparente e sem gosto.

Garganta seca, falta de ar, olhos cansados.

Como se fosse possível purificar a milésima-noite-sem-sono.

Ok!! Pego um livro. Quem sabe me diverte.

O Ritual metódico se inicia.

Varre!! Na tentativa de espantar os maus-pensamentos, almofadas para um lado, roupas dobradas do outro. Cigarro!! Que queime rápido e ligeiro, pois é horrível quando os hábitos são condicionados às lembranças.

A cabeça da nega fervilha. Eu li uma reportagem que dizia “os cariocas tem cabeça quente“. E deve ter mesmo.

As palavras vagam como sopa de letrinhas tentando se organizar e achar alguma coerência e contextualidade. Um jogo. Jogo de palavras.

Jogo! Jogo sudoku, tranca, poker, buraco e resta um. Resta somente eu e a espera do amanhecer. Quem sabe o sol me dê bom dia mais depressa.

A trilha sonora que embala as pálpebras escancaradas é algo do tipo “assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade.”

E me vem o tal do ponteiro marcha lenta atrasando ainda mais as folhas do calendário.

Como era bom estar sem tempo, correndo para um lado e chegando atrasada em outro.

Brinco. Perco brincos.

Brinco de imaginar. Imagino amigos, lugares bonitos, jardins e futuros.

Brinco de adivinhar prérito-mais-que-perfeito e presente.

Me drogo com os mais torturantes “será?”. As alucinações são diversas. Vão desde o coração disparado aos monstros gigantes. Que onda!

E a onda é sempre do mar. Dizem que ele se agita quando a gente se aproxima e talvez seja verdade. Talvez por isso eu evito que as pessoas se encantem, mas não tem jeito, ele seduz e chama pra dentro. Ta aí! Essa força que me paraliza.

Inerte. Inércia. Inerente a minha vontade, eu permaneço acordada.

Entre decisões e indecisões, decido, tendo ai as contradições.

Decidi que quando fechasse os olhos e sentisse, não desse tempo de decidir mais nada. Sendo assim, decidi ter medo. A vida por sua vez decidiu que temos escolhas. As escolhas decidiram ser feitas sem pensar.

Involuntariamente lá vem as conseqüências chegando de forma avassaladora, nos voltando para dento, bem no centro do espelho.

E se não fosse assim, como seria? Não importa! O que temos é o agora. Um agora torto, sem medidas, sem lados. Um agora disforme. Um agora criado pelo silêncio não respeitado, pelas mãos não atadas e sentimentos violados.

Respiro. Ouço o silêncio. Suspiro. Me ouço. Um ciclo. E de novo, de novo, de novo.

O novo!

Entre as linhas das minhas verdades, me perco, me sinto e me desejo bem. Como quem quer ver a criança que perdeu o pirulito sorrir novamente. Como quem quer ver os passos ganharem os caminhos traçados. Como quem deseja o frio na barriga e o estomago embrulhado. Como quem renasce com uma fé novinha-em-folha.

Me desejo bem, do já conhecido bem-me-quer.

E me perco, me sinto, me ouço.

Insônia e água.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Champa


Champa em Paris, mas também na beira da praia
Champa a dois ou pensando em alguém distante
Champa de verdade ou de brincadeirinha, Não importa!!!
Goles lentos e profundos.
O que não pode faltar é gás. Santé.

Mais uma dose?