quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Insonia.

Por favor, um copo cheio dessa coisa trasparente e sem gosto.

Garganta seca, falta de ar, olhos cansados.

Como se fosse possível purificar a milésima-noite-sem-sono.

Ok!! Pego um livro. Quem sabe me diverte.

O Ritual metódico se inicia.

Varre!! Na tentativa de espantar os maus-pensamentos, almofadas para um lado, roupas dobradas do outro. Cigarro!! Que queime rápido e ligeiro, pois é horrível quando os hábitos são condicionados às lembranças.

A cabeça da nega fervilha. Eu li uma reportagem que dizia “os cariocas tem cabeça quente“. E deve ter mesmo.

As palavras vagam como sopa de letrinhas tentando se organizar e achar alguma coerência e contextualidade. Um jogo. Jogo de palavras.

Jogo! Jogo sudoku, tranca, poker, buraco e resta um. Resta somente eu e a espera do amanhecer. Quem sabe o sol me dê bom dia mais depressa.

A trilha sonora que embala as pálpebras escancaradas é algo do tipo “assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade.”

E me vem o tal do ponteiro marcha lenta atrasando ainda mais as folhas do calendário.

Como era bom estar sem tempo, correndo para um lado e chegando atrasada em outro.

Brinco. Perco brincos.

Brinco de imaginar. Imagino amigos, lugares bonitos, jardins e futuros.

Brinco de adivinhar prérito-mais-que-perfeito e presente.

Me drogo com os mais torturantes “será?”. As alucinações são diversas. Vão desde o coração disparado aos monstros gigantes. Que onda!

E a onda é sempre do mar. Dizem que ele se agita quando a gente se aproxima e talvez seja verdade. Talvez por isso eu evito que as pessoas se encantem, mas não tem jeito, ele seduz e chama pra dentro. Ta aí! Essa força que me paraliza.

Inerte. Inércia. Inerente a minha vontade, eu permaneço acordada.

Entre decisões e indecisões, decido, tendo ai as contradições.

Decidi que quando fechasse os olhos e sentisse, não desse tempo de decidir mais nada. Sendo assim, decidi ter medo. A vida por sua vez decidiu que temos escolhas. As escolhas decidiram ser feitas sem pensar.

Involuntariamente lá vem as conseqüências chegando de forma avassaladora, nos voltando para dento, bem no centro do espelho.

E se não fosse assim, como seria? Não importa! O que temos é o agora. Um agora torto, sem medidas, sem lados. Um agora disforme. Um agora criado pelo silêncio não respeitado, pelas mãos não atadas e sentimentos violados.

Respiro. Ouço o silêncio. Suspiro. Me ouço. Um ciclo. E de novo, de novo, de novo.

O novo!

Entre as linhas das minhas verdades, me perco, me sinto e me desejo bem. Como quem quer ver a criança que perdeu o pirulito sorrir novamente. Como quem quer ver os passos ganharem os caminhos traçados. Como quem deseja o frio na barriga e o estomago embrulhado. Como quem renasce com uma fé novinha-em-folha.

Me desejo bem, do já conhecido bem-me-quer.

E me perco, me sinto, me ouço.

Insônia e água.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Champa


Champa em Paris, mas também na beira da praia
Champa a dois ou pensando em alguém distante
Champa de verdade ou de brincadeirinha, Não importa!!!
Goles lentos e profundos.
O que não pode faltar é gás. Santé.

Mais uma dose?



Slow Motion

A paciencia é um sentimento slow motion.
A vida queima em marcha lenta, arrastada. Assim como as reticencias...
Violenta sentimentos vivos, abusa, enforca.

O resto é apressado demais.

Na vida é perguntar: Pra onde fica o gol? Se é pra lá ou pra cá, aqui ou ali. Não importa, é pra lá que eu vou.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Amor em potes

Uma vez resolveram colocar o amor em potes.
Potes grandes, robustos e com tampas coloridas.
Um tinha grãos pretos. Grãos finos, fortes, cheirosos. Milhares de grãos que juntos formavam um essência maravilhosa, capaz de despertar qualquer corpo do coma.
No outro havia grãos brancos. Grãos mais grossos, as vezes até cristal. Grãos puros, doces, muito doce por sinal, brilhavam se só. Juntos melavam qualquer amargura.

Depois de um longo tempo descobriram que os grãos pretos de nada serviam sem os grãos brancos. Que precisavam se misturar, misturar ao tal ponto de não conseguir separar um grão do outro grão.

Foi ai que as tampas emperraram.

O café era só o café, amargo e sem força.
O açúcar era só o áçucar, doce e sem gosto.

E o bom dia, nunca mais foi o mesmo.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O sonho

O chão se abriu
misturou o cinza e o vermelho
flores murcharam
referencias se perderam
mãos não se alcançaram
olhares não se cruzaram
bocas e palavras no embaraço
o excesso da agua e do sal
face inundada
...
Deixaram o vento cantar
e o grito seco não pode ser ouvido
Silencio
...
De repente o peso
de repente o suor frio
de repente o corpo se fundiu na leveza e maciez do lençol
nada tinha movimento
ate as retinas fixaram no infinito e vazio teto branco
...
As folhas do outono dançaram
E com elas, o medo
o medo da nova estação
...
Assim como as primaveras, os sonhos também se vão.