sábado, 7 de maio de 2011

O Mantra



- Mãeee, Maezinha, MANHÊÊÊÊ...

Um eco. Uma súplica de socorro. O desespero.
Na espera daqueles braços enormes que erguem a gente no colo e cala o nosso choro.
O mantra que sai de nossos lábios sem pedir licença, só para saber se elas continuam ali – Bem do nosso lado.
A leitura do nosso silêncio. Dos nossos olhos implorando um abraço.
A dor. O parto. E sai do ventre um ser. Uma vida. Um pedaço de amor.
A continuidade da existência. Dos valores. Das referências.
E cresce – como as flores, como as árvores (...) Do alimento, do sangue, do leite.
E o ar que antes era suficiente, hoje sufoca, enforca. E elas, como soubessem imitar os heróis dos desenhos em quadrinhos – ensinam a respirar pela boca.
Ensinam a não precisar das mãos para apoiar nas paredes. Ensinam que o primeiro passo é com o pé direito. Que a primeira palavra é “Amor”. . E que não se tira a coluna para aliviar a dor nas costas.
Ensinam que o sofrimento é menor quando dividido e acolhem como quando perdíamos a mamadeira.
E dizem:
Tenha fome de gente. Sede de vida.
E os caminhos vão ganhando nossos pés. Nossos pés pisam gentilmente nas expectativas, nos únicos e exclusivos “sonhos” sonhados por elas - para nós.
Nossos pés não mais atados, parecem mirar (...) E acertam. Como um tiro na garganta.
E elas, sábias, nos ensinam – Que sonhos são recicláveis, inesperados. E afirmam: A única constância na vida é a mudança.
E sorriem. Sem dor. Apenas o sorriso do coração – missão cumprida.
A herança é simples. É sólida. É concreta.
Amor que invade a alma e transborda em calma.
O desespero-agradável de sermos filhos de mães incondicionais.

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